terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Batalha dos Trombones


A questão que não me sai da cabeça... Por que trombone?
Na entrevista ao programa Visita VIP, Miriam Ramos me fez uma pergunta que ficou alguns dias martelando minhas idéias. Ela me perguntou por que eu havia escolhido o trombone, um instrumento tão diferente.
Resolvi escrever um post sobre o assunto, com base na coleção que descobri recentemente chamada "A Batalha dos Trombones" (Battle of Trombones)!
Citando um pouquinho de história... os primeiros registros de um instrumento nos moldes do trombone datam do século XV, um instrumento bastante rudimentar, com o intuito de suprir a necessidade dos sons mais graves que o trompete não era capaz de alcançar. Naquela época foi batizado como Sackbut, que em alemão significava "empurrar-puxar". No mundo Tupiniquim este nome foi traduzido com um termo um pouco menos poético mas bastante curioso, o Sacabucha! :o)
A questão é, como um instrumento tão rudimentar conseguiu obter seu espaço e se firmar como ferramenta para os compositores que vieram?
A mecânica envolvida no trombone é a mais rudimentar possível. Um pedaço de cano enrolado onde as notas são obtidas variando o comprimento do cano, através da vara, e a pressão do ar, através dos lábios e do diafragma do músico.
E como uma parafernalha tão simples pode obter um espaço tão relevante quanto o trompete com suas engenhosas válvulas? Ou quanto a flauta, como seus infinitos botõezinhos? Ou quanto qualquer outro instrumento de sopro que venha a mente?
Curiosamente, a simplicidade do trombone acabou agregando valores únicos ao instrumento que em cada fase da música foram explorados de maneiras diferentes.
Na coleção "A Batalha dos Trombones" é possível se ter uma idéia do que estou tentando dizer. A coleção apresenta uma viagem pelas diversas fases do Jazz tendo como enfoque importantes trombonistas que marcaram seus nomes nessa história.
Desde o trombone brincalhão e debochado de Kid Ory e do Dixeland de New Orleans, passando pelas intervensões enérgicas de Glenn Miller e Tommy Dorsey nas orquestras do Swing, chegando aos trobones virtuosista de J.J.Jonhson e Kai Winding que se arriscaram na fase Bop.
Muito bacana mesmo.
Recomendo a qualquer um que tenha interesse nessa história, ou ainda em entender a evolução do uso deste instrumento, ou ainda em saber porque é que eu toco trombone! :o)
O Trombone é um isntrumento fantástico, capaz de rir por si próprio, escorregar de um jeito malandro que é só dele, ser imponente e ríspido quando necessário, sendo capaz de atingir registros graves com potência e volume e de propocionar ataques rápidos e precisos.
Fica faltando um trabalho semelhande com enfoque no Trombone Brasileiro. Incluo aqui publicamente este trabalho a meu ToDo-List de longo prazo.
Seria fantástico poder acompanhar o desenvolvimento do trombone, passando pela malandragem de Raul de Barros, pelo groove dançante de Boccato, pelo perfeccionismo e técnica dos solos de François Lima e tantos outros que a cada dia desenham a história da música brasileira.
Vou tomar a frente nesse estudo, assim consigo incluir o trombonista do Patavinas Jazz Club. Aquele rapaz tem futuro... certeza...

Um comentário:

  1. Isso mesmo Fe, o trombone é tão charmoso e aveludado que merece esse respeito que vc declara no texto. Não há nada mais lindo que ouvir um grupo de metais (quarteto, quinteto)todos soando (timbrando) juntos. Tenho algumas obras aqui do bombardino, som fascinante, chega a tocar a alma. E a trompa, que é magnífica !!! Nosso cellista do Allemande (Diogo) toca trompa também. Aquele som não é deste mundo. Por essas e por outras que escrevi "Metais, nada mais" para a Banda Jotta Paulo e Seus Óculos Escuros... numa homenagem aos metais (e madeiras tb). Forte abraço
    e até a próxima...

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